NOVAS TERAPIAS CONTRA ARRITMIAS EM DIABÉTICOS
29/11/2016
Uma das mais graves complicações da Diabetes agora está prestes a ser evitada e combatida. Pesquisadores do INBEB mostram como a doença afeta o coração e conseguem reverter todo o processo com duas promissoras drogas. Os achados acabam de ser publicados na edição de novembro da revista Nature Communications (DATA DE EMBARGO: 24/11, 8h a.m., horário de Brasília).
Os problemas cardíacos originam 65% das mortes decorrentes da Diabetes. O distúrbio mais comum nestes casos é a taquicardia (uma desregulação no ritmo dos batimentos). Este trabalho, coordenado pelo Prof. Emiliano Medei, do Instituto de Biofísica da UFRJ, confirma que o aumento de glicose no sangue provoca uma inflamação específica, que afeta diretamente o coração.
Para investigar esse processo, os pesquisadores provocaram diabetes em camundongos comuns e em mutantes incapazes de produzir um tipo específico inflamação, relacionada a produção da substância IL1-beta. Ambos tiveram aumentos semelhantes de glicose no sangue, porém apenas os que inflamavam normalmente tiveram a frequência cardíaca alterada. Além disso, os mutantes (que não produzem IL1-beta) sofrem muito menos arritmias, mesmo quando estão sob efeito de cafeína ou dobutamina, que promovem taquicardia.
Os pesquisadores encontraram uma grande quantidade de IL1-beta depositada no corpo e especialmente no coração dos camundongos diabéticos comuns. Observaram também que ela sozinha já altera as funções cardíacas, quando administrada em ratos saudáveis (sem diabetes), ou em células cardíacas humanas.
A boa notícia é que o grupo também testou, com sucesso, duas drogas que inibem especificamente esse processo inflamatório: MCC-950 e anakinra. A primeira bloqueia a produção de IL1-beta, enquanto a segunda impede que ela se deposite nas células do corpo. Sendo que a anakinra já é usada em terapias padrão de pacientes com doenças autoimunes e linfomas. A equipe logrou inclusive reverter as alterações cardíacas de camundongos diabéticos.
“Vale ressaltar que a inflamação é uma importante ferramenta para combater infecções e que geralmente acaba quando o ‘intruso’ é eliminado. No caso da Diabetes, porém, não há infecção. A hiperglicemia persistente estimula o sistema imunológico a produzir uma inflamação constante, com grande produção de IL1-beta - que descobrimos ser o link entre as arritmias e a Diabetes”, explica Medei. “No entanto, acredito que as novas ferramentas terapêuticas que propomos neste trabalho são muito promissoras”, comemora.
Leia também sobre a pesquisa no Boletim Faperj: http://www.faperj.br/?id=3310.2.2
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